sexta-feira, 1 de março de 2013

Os 5 sentidos da alma.


Tem muita gente que passa o tempo todo reclamando da vida, reclamando dos dias, reclamando das coisas, das pessoas, de tudo e de todos... Essas pessoas simplesmente perderam os seus sentidos e por isso passam correndo pela vida, como se estivesse fugindo de uma amargura gigantesca.
Hoje estava conversando com uma amiga da época em que cursava Design de Interiores, a amiga mais querida entre as minhas amigas mais queridas, porém essa amiga deixou o bate papo por alguns minutos para colocar a roupa suja na máquina de lavar e voltou entusiasmada.
O motivo de tamanho entusiasmo foi uma enorme e grata surpresa para mim, pois quando a lavadora de roupas dela começou a bater a roupa encardida ela me lembrou de algo que havia dito à ela quando estudávamos juntos, algo que eu sequer lembrava que havia dito. Ela me lembrou de quando eu a havia ensinado a ouvir a música do mundo e que agora sua lavadora tocava um samba dos bons.
Não consigo precisar quando e em que circunstância eu havia dito isso à ela, mas lembro claramente que disse, e foi muito bom ter reavivado essa lembrança, pois eu tenho muito medo de acabar perdendo também meus sentidos e caindo no “andar escuro” da vida.
E é verdade, tudo tem uma música. Todas as coisas no mundo têm seu próprio ritmo e sua própria musicalidade, desde a leve marcha causada pelo tamborilar dos pingos de uma garoa de verão até o samba de raiz executado pela máquina de lavar da minha amiga.
A vida é um bombardeio de estímulos aos nossos sentidos. Uma explosão de cores, linhas, sons, aromas que não podem ser reproduzidos com a mesma fidelidade por nenhuma criação humana.
Não existe Full HD capaz de reproduzir com fidelidade a beleza de um céu em um dia ensolarado e livre de nuvens, não existe corante, aromatizante ou qualquer coisa artificial capaz de reproduzir a textura e o aroma dos bolinhos de chuva da minha vó, principalmente quando estão quentinhos, recém tirados da fritura e polvilhados com açúcar e canela. Não existe na s prateleiras o ingrediente chamado “amor” e é esse ingrediente que faz toda a diferença e dá o sabor todo especial para aquele almoço de domingo que minha mãe prepara, em uma das suas raras folgas dominicais, ou que dá aquela maciez aos bolos que minha irmã vive testando, e até o arroz com feijão que eu faço no dia a dia tem uma textura  característica, que eu só consigo atingir quando os faço com amor!
AS imagens mais bonitas, com maior qualidade de resolução estão, muitas vezes, emolduradas por nossas janelas, apenas não temos tempo para admirá-las por alguns minutos e através disso achar aquela paz que tanto buscamos e que perdemos fácil e constantemente por estarmos sempre tão envolvidos com preocupações como trabalho, dinheiro, posses. O tempo que perdemos desejando coisas e invejando quem as tem seria muito mais bem gasto se pudéssemos perdê-lo admirando esses “bens” que estão ao alcance de todos e são distribuídos igualmente para toda a humanidade.
Dê mais valor para o anil do céu, para o frescor da noite, para o aroma delicioso e um café recém passado, para a textura incomparável de um abraço daquela pessoa que se ama...
São pequenas coisas  e gestos que passam despercebidas, mas que se desfrutadas são verdadeiros bálsamos para o estresse e a correria do dia a dia, e não adianta ficar tão ligado nas questões materiais, essas coisas não custam nada e ao mesmo tempo, não há dinheiro no mudo que pague!


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