Hoje algumas tantas pessoas estão chorando a morte do
músico Champignon, ex integrante da banda Charlie Brown Jr.
O músico cometeu o suicídio na madrugada de domingo para
segunda, matou-se com um tiro na boca e sua esposa – grávida de cinco meses –
foi internada em estado de choque enquanto a polícia começava a periciar o
local e dava início a remoção do corpo.
Confesso que não tinha nenhum apreço pelo artista, já
gostei muito das canções do Charlie Brown Jr. Durante minha adolescência,
inclusive tinha o CD “Preço curto, prazo longo” que deveria ter um furo de
tanto que eu ouvi, no fim das contas o cd acabou sobrando com alguma ex-namorada
minha depois do rompimento e eu nunca mais ouvi Charlie Brown e nem tive a
curiosidade ou cuidado de acompanhar a carreira deles, apenas as notícias.
O estilo da banda, ou de seus membros já não combinava
mais com o meu estilo e abdiquei a esse gosto por suas músicas e letras, mas
agora não estou aqui para falar sobre musicalidade ou sobre o que acontecia “on-stage”.
Estou aqui parar falar de seres humanos.
Penso eu o que poderia ter feito esse rapaz na casa dos
35 anos cometer o suicídio de forma tão fria. Muitos dizem ser o envolvimento
com drogas, outros tantos dizem que poderia ter sido a dificuldade em lidar com
a partida do amigo Chorão, outros tantos diziam que era depressão que tinha
feito com que ele perdesse completamente o controle e as rédeas da sua vida.
Acho que nunca saberemos, a menos que ocorra toda uma guinada histórica no rumo
dos acontecimentos, o artista levou qualquer que fosse o motivo de sua angústia
para a tumba junto com seu corpo já sem vida.
E eu tenho visto muita gente se suicidando. Adultos,
jovens, crianças (o caso do garotinho que acabou com decisão final da perícia
criminalista de que ele mesmo havia matado pai, mãe, tia e avó e se matado em
seguida). Enfim, a bruxa tá solta.
Hoje mesmo evitei de me manifestar nas redes sociais das
quais faço parte – tirando uma piadinha de humor-negro, mas entendam que o
humor-negro cerne minha vida – porque observei que as pessoas que eram fãs do
rapaz não estavam lidando bem com as críticas a cerca da barbaridade cometida
por ele e insultavam os outros dizendo que ninguém sabia como ele se sentia e
que quem criticava não havia passado por problemas como drogas e suicídio de
pessoas próximas para saber o que realmente se passava com o rapaz.
Antes de qualquer coisa gostaria de deixar bem claro que
sim, já tive os dois casos acontecendo com pessoas próximas a mim, inclusive
familiares e agregados da família e pude observar de perto o drama dos parentes
e dos demais envolvidos e muitos dos sintomas perduram até hoje no coração
daqueles mais próximos das “vitimas”.
O que eu simplesmente não consigo entender é quando foi
que a vida passou a valer tão pouco. Já acho uma barbárie tremenda e inafiançável
uma pessoa tirar a vida de outra pessoa, agora, quando o caso é a pessoa tirar
a própria vida eu fico imaginando como a vida passou a ter um valor ínfimo, uma
ninharia.
Não entendo como pessoas públicas, que é o caso desse
moço, possam “perder o sentido de viver”. Uma pessoa que tem um dom, que tem um
talento, que já inspirou tanta gente com sua música, sua atitude. Uma pessoa
que teve acesso à educação, à cultura e culturas diferentes da nossa, que
imagino eu – de acordo com o sucesso da banda e das composições – não devia ter
problemas de ordem financeira, uma pessoa que em breve seria pai, veria uma
vida brotando da semente que ela plantou no ventre da mulher amada, em um lar
aparentemente estruturado.
O que faz uma pessoa nessas condições procurar conforto
nas drogas, procurar atitude no vício e conforto na morte?
Vamos partir do exemplo de Gabriel, o pensador, que
promove trabalhos na Angola, que quis ver a pobreza e aprender com ela. Um cara
que trabalha com crianças, jovens, escreve para todas as idades, se envolve, se
engaja. Talvez não tenha o mesmo holofote, duvido muito que renda o mesmo
tanto, mas vemos nele aquele brilho no olhar de quem veio, viu e venceu!
Ah... Se todos nós fossemos assim!
Quando vemos crianças cheirando cola, ou acendendo um
baseado na rua logo vamos julgando e taxando como “pivete”, “maloqueiro”, “bandido”,
“trombadinha”. Já tive convívio com pessoas da periferia em que ouvi tantas
histórias que fizeram com que eu mudasse minha maneira de ver a vida e me
tiraram um pouco a pressa em julgar os outros. Conheci um rapaz que era o
primeiro da classe na escola onde estudava, um menino educado e de fino trato,
mas que trabalhava para traficantes depois das aulas. Fazia isso para poder
sustentar os três irmãos e a mãe, já que seu pai havia morrido enquanto fazia
um bico como pedreiro. Conheci crianças que cheiravam pra disfarçar a fome
terrível que sentiam porque não tinham o que comer e o pouco que tinham precisavam
dividir e deixavam a maior parte para seus irmãos mais novos. Gente que tem
noção de altruísmo, muito mais do que muitos de nós que tanto temos e nada
compartilhamos, queremos sempre mais e mais e mais.
Será que a vida desse moço que cometeu o suicídio essa
madrugada era tão mais difícil e proibitiva do que a vida dessas crianças? Será
que uma pessoa que conheceu a fama, os holofotes e os prazeres teria tanto
motivo para se queixar e tanta coisa para camuflar mais do que eu, que nasci
todo zoado, e que encaro cada dia como uma batalha a ser vencida e por mais
que veja as dificuldades se agigantando
diante de mim jamais me apequenei para o que quer que fosse?
Por que o ego tem regido tantas vidas em nossos dias
atuais? Por que tantas amizades deixaram de ser verdadeiras e passaram a se
basear no que você tem ou é ou pode oferecer para te aceitar ou não como amigo?
Eu não tenho nada a oferecer além de um sorriso, meu bom
humor e uma lição de vida para aqueles que quiserem aprender com a minha
história. Eu sou feliz e me recuso a desistir, e amo intensamente e plenamente
e vivo cada dia com a dúvida se será meu último, mas com a certeza de que
tentarei fazer dele o mais bem vivido, esperando em oração que venha outro dia
logo após.
É só o pessoal se dar conta: Viver ainda não ficou tão
complicado como todos pensam!
Persigam a esperança e no final tudo dará certo!
Forte abraço e até a próxima!!!
Forte abraço e até a próxima!!!
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