Ufa!
Já faz um tempo que eu venho tentando escrever alguma coisa mas parece que a
inspiração simplesmente abandonou meu cérebro, minhas veias, minhas células...
Agora
consigo entender o que foi esse “hiato” criativo que tem me mantido afastado do
blog por tanto tempo, ainda mais nesse período de Marcos Feliciano na presidência
da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, motoristas embriagados
arrancando braço de ciclista e jogando o dito braço no rio para se livrar das
provas, e tempo depois o mesmo motorista bêbado conseguindo Habeas Corpus para
responder ao processo em liberdade. Tem também a falácia das redações do ENEM,
onde uma redação contendo uma receita de macarrão instantâneo foi pontuada em
560. Isso sem falar na páscoa, que é sempre algo que eu gosto bastante de
comentar e criar muita polêmica!
Mas com
tanto assunto assim porque diabos eu simplesmente não consigo escrever? Pensei,
pensei, pensei e acabei percebendo que foi tudo culpa da ansiedade. É meus
queridos leitores e leitoras, eu estou tomado pelo pavor da mudança e é
exatamente esse o motivo que tem me impedido a concentração e tem livrado vocês
dos meus delírios literários (se isso é pelo bem ou pelo mal cabe a vocês me
dizerem).
E foi
agora, depois da novela, tomando um longo banho – morno e relaxante – que eu resolvi
escrever exatamente sobre isso: MUDANÇA!
Só
pra ter certeza de que desta vez vai sair alguma coisa eu já desliguei a
televisão, acendi as luzes, coloquei uma musiquinha bem light e inspiradora pra
tocar aqui e vamos que vamos, bora escrever sobre essa coisa que acaba
perturbando a alma não só minha, mas de tanta gente por aí!
O
processo de mudança é sempre complicado, não importa de que forma essa mudança
ocorre e com qual (ou por qual) finalidade ela ocorre, contudo é um processo
pelo qual todos nós passamos e deveríamos já estar acostumados e preparados
para isso, mas não estamos. Nunca estamos!
Não
sei se o fato de eu ser canceriano, apegado ao passado, ao contexto familiar e
à segurança do lar e dos porta retratos acaba deixando essa característica de
resistir às mudanças tão gritante em mim, mas acho que até hoje todas as
pessoas com quem já convivi temeram mudanças. Talvez não as temessem como eu as
temo, com imenso pavor, mas que ao menos se sentiram inseguras diante de
algumas decisões que deveriam ser tomadas em um curto espaço de tempo.
Isso vem desde a transição da infância para a
adolescência. Eu não sei como essa coisa funciona hoje em dia, visto que a
molecada está cada vez mais “sofisticada” e sendo cada vez mais cedo apresentada
aos aspectos da sexualidade, mas quando eu passei por essas mudanças elas ainda
apavoravam e causavam muito constrangimento às crianças. Me pergunto que menina
da minha época que não se assustou quando começaram-lhe a crescer os seios e
aparecer os malditos pelos em lugares onde antes não havia? E a primeira
menstruação? Hoje as gurias já são preparadas para isso, o diálogo entre os
pais e os filhos é bem mais aberto (falo dos pais que merecem receber esse
título, os que falam, orientam e fazem diferença na vida dos filhos, esses sim
conversam sobre tudo) mas e na época em que a primeira menstruação fazia com
que a garota pensasse estar morrendo de hemorragia?
Nos
meninos também surgem novos pelos e odores, a mudança de voz causa muito
constrangimento entre os garotos que falam ora grosso, ora fino. Isso sem
mencionar a barba que começa a nascer, e as descobertas sobre os órgãos sexuais
– que agora funcionam para a reprodução – e a descoberta e experimentação da
libido. São os famosos hormônios em fúria!
Essas
mudanças são inevitáveis, são biológicas e hoje já há instrução e conhecimento
suficiente para sabermos lidar com elas, compreende-las e teme-las pouco menos,
mas e as mudanças que não são biológicas? Aquelas que não são inevitáveis,
aquelas que nos colocam frente a frente com escolhas e decisões que dependem de
ninguém mais se não nós mesmos?
E é
exatamente dessas mudanças e escolhas que quero falar, são essas mudanças e
escolhas que estão me corroendo a alma, me afogando em ansiedade e implorando
pro mundo parar porque eu quero descer!
Só
para situá-los em minha angústia: Quem me conhece sabe que eu estou noivo de
uma garota que mora em Caxias do Sul, e que se quiser que nosso romance dê
frutos alguém vai precisar se mudar, e resolvemos que eu vou para lá.
A princípio
foi tudo lindo, tantos sonhos, tantas ilusões, tantos pensamentos e
idealizações... E caímos de cabeça na realidade tenebrosa da burocracia que
está intrínseca nesse processo de mudança para outra região do país. Já pensou
só sair da minha terra de oportunidades que é São Paulo e ir para o Rio Grande
do Sul, lugar de tradições marcantes e de um povo que historicamente não gosta
muito do resto do país (e tem uma birra evidente com paulistas).
Como se não bastasse esse processo de transição cultural e geográfica, que em si já constitui motivos mais do que suficientes pra deixar qualquer um grilado ainda tem a questão da minha saúde que é bastante delicada e toda a questão de adaptação, financeira... Enfim! Um verdadeiro pardieiro que caiu de repente na minha vida. E eu nem mencionei o fato de estar longe da minha família, minha mãe que é minha protetora e maior fonte de inspiração, a grande responsável por eu estar aqui, firme, forte e lindo, minha irmã que é meu maior tesouro e a coisa que mais amo nesse mundo, incondicionalmente, meu gato que é meu filho precioso e uma coisinha linda que depende de mim tanto quanto dependo dele e de seu carinho.
Como se não bastasse esse processo de transição cultural e geográfica, que em si já constitui motivos mais do que suficientes pra deixar qualquer um grilado ainda tem a questão da minha saúde que é bastante delicada e toda a questão de adaptação, financeira... Enfim! Um verdadeiro pardieiro que caiu de repente na minha vida. E eu nem mencionei o fato de estar longe da minha família, minha mãe que é minha protetora e maior fonte de inspiração, a grande responsável por eu estar aqui, firme, forte e lindo, minha irmã que é meu maior tesouro e a coisa que mais amo nesse mundo, incondicionalmente, meu gato que é meu filho precioso e uma coisinha linda que depende de mim tanto quanto dependo dele e de seu carinho.
Amigos
tenho poucos, mas os poucos que tenho são como uma extensão da minha família e
sempre estiveram presentes nas horas de crise para me apoiar e me acudir. Meus
médicos que são maravilhosos e pessoas cuidadosamente colocadas por Deus na
minha vida, até porque sem a sabedoria
deles eu nem estaria aqui hoje também, meus enfermeiros queridos, o pessoal que
cuida de mim com todo o carinho do mundo, e que acabaram tornando-se amigos
mais do que especiais e essenciais e tantos outros amigos que tenho e que nem
conheço, mas que de alguma forma está presente na minha vida, me ajudando de
alguma maneira.
Vale
a pena deixar tudo isso pra trás?
Não é
como se eu estivesse deixando, estou carregando tudo no meu coração e deixando
com cada um meu carinho e gratidão, mas acho que pelo amor e pela realização
dos meus sonhos (os que ainda posso realizar) vale sim, bom, sei lá... Vou
descobrir quando e se estiver por lá.
Mas
prometo que volto para me esconder do frio! Ah se volto!
Bom
gente, acabou não sendo a crônica cheia de reflexões e denúncia que vocês estão
acostumados, esse texto está mais para um desabafo... Peço desculpas para quem
sentiu que perdeu seu tempo, mas agradeço a todos que leram e partilharam um
pouco das minhas agruras. Se serviu de alento ou encorajamento para alguém, ou
ainda para um reflexão então já me sinto satisfeito!
E
logo voltaremos com nossa programação normal, porque vocês sabem mas nunca me
canso de repetir:
O
mundo é torto, mas juntos, seja em Jundiaí ou em Caxias do sul, a gente
endireita!
Forte
abraço e até a próxima!!!