“O cara tem que
ter pegada!”
Quantas vezes eu
já não ouvi a frase acima sendo proferida por uma jovem incauta que
aparentemente ainda não tem muita noção da profundidade da vida nesses tempos
modernos.
Torno a dizer que
o cara não tem que ter “pegada”, se a mulher está dizendo que essa é uma
característica determinante, ela está se enquadrando na categoria de objeto e
que não venha reclamar quando começar a ser tratada como tal.
O raciocínio é
muito simples e não deixa margem para equívocos de interpretação: Você pega uma
maçã, pega uma panela, pega um desodorante, pega um sapato, pega um
travesseiro... Mulher não se pega, mulher se corteja, se conquista!
E agora vai ter
muita garota me dizendo “Ah Diego, mas se eu exigir demais eu acabo ficando
sozinha”.
E que mal há
nisso? A pessoa só teme ficar sozinha quando detesta sua própria companhia,
quando não se enxerga como alguém interessante. E é aí que eu pergunto se
existe mais vantagem em viver em sua própria companhia ou em companhia de outra
pessoa que também detesta só pra alegar que não está “sozinha”.
Aconteceu em
Porto Alegre algumas semanas atrás a “Marcha das Vadias”, uma passeata em
repúdio à violência doméstica e que apareceu aqui em São Paulo no ano passado.
A bem da verdade
a “Marcha das Vadias” nasceu no ano passado, no Canadá, em forma de manifestação
contra declarações que diziam que vítimas de estupro haviam provocado o crime
por usarem roupas decotadas ou saias curtas... Enfim, roupas consideradas
provocantes.
Aqui no Brasil o
título da manifestação manteve-se original, traduzido do nome em inglês
“Slutwalk”, porém no Brasil a manifestação foi ainda mais profunda e fez
questão de abordar o tema da violência doméstica. Várias estatísticas apontam
que esse é sim um assunto que deve ser tratado com seriedade nesse país, pois
os índices de mulheres mortas vítimas de violência no próprio lar, seja de
companheiro, marido ou namorado, já atingiu um nível alarmante, e aqui a
passeata exige uma vigilância maior dos órgãos públicos e uma punição ainda mais
severa para quem comete crimes de violência contra a mulher, crimes esses que
só vieram à luz das discussões depois da incansável luta de Maria da Penha, que
foi baleada pelo marido enquanto dormia e consequentemente acabou paralítica. Maria da Penha escreveu um livro sobre sua vida de maus tratos
sofridos e lutou com firmeza para que esse tipo de crime não passasse mais
impune e isso gerou uma comoção, e aos poucos as mulheres começaram a reagir e o
número de denuncias aumentou sensivelmente. Estava declarada a guerra contra
os abusos e violência.
E agora eu paro e
penso: O que leva um macho – porque ser “homem” é completamente diferente de ser
“macho” – crer que pode agredir sua mulher pelos motivos mais fúteis?
Uma camisa não
lavada vira uma queimadura, um bife bem passado se transforma num tapa, uma
calça amarrotada vira um soco ou coisa pior... Isso é impotência, falta de
bagos. É um pobre diabo impotente que desistiu de estudar, tem um emprego
medíocre, não gosta de si mesmo, é assediado pelo chefe e vê sua vida
completamente desprovida de realizações e acaba descontando tudo naquilo que
talvez seja a coisa mais preciosa que ele tem em sua vida miserável, a única
coisa que talvez não pense que ele é o inútil que é, aquela pessoa que aceitou
passar por dificuldades junto com o companheiro e muitas vezes sofre calada.
Mas é aí que
giramos a moeda e enxergamos sua outra face:
Estava eu
assistindo um programa na televisão essa semana que abordava esse tema e foi
justamente o que acabou me deixando com vontade de escrever. No programa,
várias mulheres foram abordadas nas ruas e interpeladas sobre a questão da
violência contra a mulher. Para meu espanto a grande maioria simplesmente
respondeu “Tem mulher que merece apanhar mesmo!”
E é por isso que
esse país está indo à bancarrota, por causa desse desserviço que a própria
sociedade presta contra si mesma.
Ninguém deve
“apanhar mesmo”. Nem a mulher, nem os filhos (deixando claro que não me refiro
aqui à palmadinha, falo de apanhar MESMO) e nem bichinho de estimação.
Por isso eu digo
que as mulheres devem valorizar-se e não procurar um homem com “pegada” e sim
um homem cortês, com respeito, porque aquele da pegada pode muito bem, mais
cedo ou mais tarde, te “pegar” pelo braço e agir com violência.
O mundo está
cheio de imediatismos, cheio de novas regras, mas alguns hábitos jamais devem
ser deixados de lado e a educação e o respeito são alguns dos imutáveis.
E só pra
finalizar quero deixar bem claro que quem ama não agride e o crápula não muda,
não importa quantas vezes ele se arrependa e quantas vezes ele prometa que tudo
vai ser diferente... Não vai.
Forte abraço e
até a próxima, e não se esqueçam:
O MUNDO É TORTO, MAS
A GENTE ENDIREITA! Ahhhhh se endireita!
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